Cada um sente falta de coisas diferentes. Uns da chuva, outros do frio, outros do cheiro da relva e da terra molhada na serra, dos cães, dos gatos, dos domingos à tarde à lareira, dos peixinhos grelhados ao almoço, das alheiras (ainda que essas apareçam por aqui de vez em quando, com alguma visita, mais o nosso bacalhau e uns choriços para enganar a saudade).
Mas entretanto eu também me lembrei de uma coisa a propósito disto da relva e das saudades. Lembrei-me quando o meu pai costumava cortar os arbustos do nosso prédio, com uma tesoura muito grande, quando eu era mais miúda. Depois eu e a minha irmã íamos ajudar a varrer a rua... o meu pai a certa altura tirava a camisola porque ficava sempre a suar enquanto os vizinhos ficavam a olhar pela janela a ver-nos trabalhar. Quem passava também ficava a olhar. Talvez com uma máquina fosse mais fácil. Pode ser. Ou não.
Mas aquela rua ficava um mimo... e os arbustos também, todos certinhos até ao milímetro que ao meu pai não lhe escapava uma folhinha fora do sítio!