aventuras..
Não percebo nada de política, aviso já! E talvez seja por isso que não comento as cenas de tragédia grega que se vivem neste 'meu' novo país e que vão desde deputados que festejam com presunto e espumante, em pleno parlamento, a queda do governo (até parecia uma cena tirada do filme "Feios, porcos e maus", de Ettore Scola) aos resíduos nas ruas de Nápoles e à felicidade do governador da Sicília, Totò Cuffaro, que festejou publicamente a sua condenação de apenas 5 anos e a interdição perpétua de qualquer cargo da função pública por "favorecer" mafiosos (a festa era porque não tinha sido condenado por favorecer toda a organização mafiosa mas apenas três pessoas!!). Prefiro então não comentar! Fico só com o receio e a dúvida se fiz bem ou mal em vir viver para Itália.
E é assim... não estou a entrar em depressão mas estou a ficar um pouco confusa. Ainda é cedo, só chegamos há muito pouco tempo e sei que estas coisas levam tempo (em Barcelona foram 6 meses e tenho amigas no estrangeiro há anos e que ainda não arranjaram nada decente) mas com uns que dizem que bem de um lado, outros que dizem que estranho que é assim tão bem do outro, fico confusa.
Vamos a ver... conselhos?
Comento, isso sim, a minha aventura pessoal de procura de trabalho em terras sicilianas. Não que eu ache que isso seja mais importante que o governo ou que o cuffaro ou os resíduos ou a fome mundial ou a guerra ou a pobreza, etc... poupem-me portanto os comentários de não sabes a sorte que tens, blá, blá, pardais ao ninho (até porque eu sei a sorte que tenho).
Mas digam-me lá se isto não é de rir..
- quando cheguei e me fui identificar como estrangeira (e responsável cidadã) ao departamento da Polícia que se encarrega destas coisas "ah mas você é romena? os romenos é no departamento de Ortigia não é aqui!" (?!?!?!?!?!?)
- no departamento de residências e afins "ah não é preciso fazer nada, se se quiser inscrever tem de pagar 250 euros mas se não também não é preciso! você é da europa não precisa de fazer nada" (ok, obrigada pelo conselho!)
- na primeira entrevista de trabalho que fui, em Catania, um senhor de gravata disse-me que o meu CV era de facto inegualável por estas bandas, os idiomas, a experiência, a presença, a motivação, era mesmo isto que estavamos à procura! O único senão é que vive em Siracusa! Oh Dio! Então porque é que me disse de vir à entrevista? Nunca pensei que isso fosse um problema. Há imensa gente que faz esta viagem de 50 km todos os dias porque vive em Siracusa mas trabalha ali, na cidade grande. Lá lhe larguei um discurso de querer é poder, estou habituada porque vivi em Barcelona, sou isto e aquilo até que percebi que o problema era outro e que ele não me queria dizer qual era. Talvez por ser portuguesa, ou mulher, ou jovem, ou velha, ou naquele dia estar um pouco despenteada, ou não ser como as raparigas daqui que aos 20 anos parece que têm 40! Mah! Em desespero de causa disse-lhe "ok! o problema é seu se quiser uma pessoa com uma competência inferior à minha", levantei-me e fui-me embora! :S
- na segunda entrevista, sempre depois de responder à já normal pergunta "mas como é que uma pessoa como você veio aqui parar?", uma senhora toda emperiquitada disse que me faltava a formação necessária para ser auditora mas que estudaria o caso. Entretanto disse "ah mas eng. do ambiente, isso é o quê? e és portuguesa? que bem, espera que atendo o telefone. Pronto Stefano, olá, sim, sim, olha mas sabes eu até tenho aqui à minha frente uma que te pode servir, é espanhola, ai não, espera, é portuguesa, isso, é o mesmo, ah ah ah, ok, eu agora digo-lhe", desliga o telefone e diz "ai desculpa, não queria dizer espanhola, mas pronto comigo passa-se o mesmo, às vezes também me engano, digo que sou siciliana em vez de italiana! É uma confusão isto das regiões" Toing! E eu que não tinha entendido! Afinal eu devo dizer que sou espanhola!!! Ah ok! Got it!
- um amigo nosso depois dizia "sabes, o problema também pode ser que sabes coisas a mais"... (ou vou tentar fazer um reset em algumas partes do meu cérebro, talvez apagar aquelas aulas de fenómenos de transferência, termodinâmica, microbiologia, reactores biológicos, quimica orgânica, fisica, cálculo aplicado à engenharia, alguns seminários e palestras, as aulas de francês, de espanhol e talvez o inglês, também ninguém entende para quê esforçar-se, uns tantos livros e basicamente os últimos anos em Barcelona, no problem!)
- outro amigo dizia "sabes, é que tens de conhecer alguém porque essas coisas todas que me estás a dizer que fazes eu entendo, mas a maioria não entende nada"... (ok! então problema é meu ou é deles? não percebi bem)
Mas digam-me lá se isto não é de rir..
- quando cheguei e me fui identificar como estrangeira (e responsável cidadã) ao departamento da Polícia que se encarrega destas coisas "ah mas você é romena? os romenos é no departamento de Ortigia não é aqui!" (?!?!?!?!?!?)
- no departamento de residências e afins "ah não é preciso fazer nada, se se quiser inscrever tem de pagar 250 euros mas se não também não é preciso! você é da europa não precisa de fazer nada" (ok, obrigada pelo conselho!)
- na primeira entrevista de trabalho que fui, em Catania, um senhor de gravata disse-me que o meu CV era de facto inegualável por estas bandas, os idiomas, a experiência, a presença, a motivação, era mesmo isto que estavamos à procura! O único senão é que vive em Siracusa! Oh Dio! Então porque é que me disse de vir à entrevista? Nunca pensei que isso fosse um problema. Há imensa gente que faz esta viagem de 50 km todos os dias porque vive em Siracusa mas trabalha ali, na cidade grande. Lá lhe larguei um discurso de querer é poder, estou habituada porque vivi em Barcelona, sou isto e aquilo até que percebi que o problema era outro e que ele não me queria dizer qual era. Talvez por ser portuguesa, ou mulher, ou jovem, ou velha, ou naquele dia estar um pouco despenteada, ou não ser como as raparigas daqui que aos 20 anos parece que têm 40! Mah! Em desespero de causa disse-lhe "ok! o problema é seu se quiser uma pessoa com uma competência inferior à minha", levantei-me e fui-me embora! :S
- na segunda entrevista, sempre depois de responder à já normal pergunta "mas como é que uma pessoa como você veio aqui parar?", uma senhora toda emperiquitada disse que me faltava a formação necessária para ser auditora mas que estudaria o caso. Entretanto disse "ah mas eng. do ambiente, isso é o quê? e és portuguesa? que bem, espera que atendo o telefone. Pronto Stefano, olá, sim, sim, olha mas sabes eu até tenho aqui à minha frente uma que te pode servir, é espanhola, ai não, espera, é portuguesa, isso, é o mesmo, ah ah ah, ok, eu agora digo-lhe", desliga o telefone e diz "ai desculpa, não queria dizer espanhola, mas pronto comigo passa-se o mesmo, às vezes também me engano, digo que sou siciliana em vez de italiana! É uma confusão isto das regiões" Toing! E eu que não tinha entendido! Afinal eu devo dizer que sou espanhola!!! Ah ok! Got it!
- na comissão de ambiente da ordem dos engenheiros, para a qual fui convidada (percebi depois que foi talvez não pela profissão mas porque serve ter sempre alguém internacional no grupo), diziam-me "ah que bem, eng. do ambiente... mas tens carimbo para os projectos? ah ok, sim senhora, e falas estas línguas todas, e és portuguesa, sim senhora, interessante.. mas diz lá aqui à malta o que é que vieste para aqui fazer?". Toing!! Tó bicho!! Uma pessoa já não pode decidir viver onde lhe apetece!!
- um amigo nosso depois dizia "sabes, o problema também pode ser que sabes coisas a mais"... (ou vou tentar fazer um reset em algumas partes do meu cérebro, talvez apagar aquelas aulas de fenómenos de transferência, termodinâmica, microbiologia, reactores biológicos, quimica orgânica, fisica, cálculo aplicado à engenharia, alguns seminários e palestras, as aulas de francês, de espanhol e talvez o inglês, também ninguém entende para quê esforçar-se, uns tantos livros e basicamente os últimos anos em Barcelona, no problem!)
- outro amigo dizia "sabes, é que tens de conhecer alguém porque essas coisas todas que me estás a dizer que fazes eu entendo, mas a maioria não entende nada"... (ok! então problema é meu ou é deles? não percebi bem)
E é assim... não estou a entrar em depressão mas estou a ficar um pouco confusa. Ainda é cedo, só chegamos há muito pouco tempo e sei que estas coisas levam tempo (em Barcelona foram 6 meses e tenho amigas no estrangeiro há anos e que ainda não arranjaram nada decente) mas com uns que dizem que bem de um lado, outros que dizem que estranho que é assim tão bem do outro, fico confusa.
Vamos a ver... conselhos?
3 Comentários:
lascia che ti dica una cosa ....l'Italia non è il paese della meritocrazia,non serve un genio per rendersene conto.il lavoro si trova piu' con un aggancio che con un CV,e quando lo trovi il primo arrivato e uguale all'ultimo ,chiediamo lavoro a persone che non riescono a fare nemmeno la O con il bicchiere,non investono nella crescita ,non sanno delegare e quando lo fanno scavalcano le competenze creando malumori aziendali dilaganti,in Italia,dispiace dirlo, gli imprenditori stanno alle aziende come le spiagge stanno alle alpi.abbiamo fatto in 40 anni quello che la Spagna ha fatto in 10 e siamo lontani anni luce dall'idea di Europa che ci avevano prospettato,l'euro ci ha sotterrati ,le paghe sono le stesse con la metà del potere di spesa,ed i nostri parlamentari sono una barzelletta vivente...credo di aver detto tutto, anzi no ,adesso campagna elettorale e nuove promesse per la povera gente che li sta ancora ad ascoltare....ma per te i miei auguri piu' sinceri....perchè? perchè te li meriti e perchè l'ottimismo e la perseveranza se non riescono a cambiare il mondo possono cabiare la tua vita.f@
grazie
cerchero' di essere perseverante e ottimista e se ogni tanto mi dimentico, ricordamelo! :D
baci
ti lascio un aforisma di uno e ne sa qualcosa,mi sembra opportuno per il momento:«Essere giovani vuol dire tenere aperto l'oblò della speranza, anche quando il mare è cattivo e il cielo si è stancato di essere azzurro.»
Bob Dylan
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